sábado, 1 de maio de 2010

A VIAGEM NO ELEFANTE







De Pokhara segui para o Chitwan National Park.
No panfleto dizia : Viagem de Elefante, Bird Watching, Cannoying, etc etc etc e os Rinocerontes que matam turistas e leoes e leopardos e catatuas e esquilos e ursos e quem sabe dinossauros.
Nao tava muito entusiasmado, so a parte dos rinocerontes que matam turistas anualmente me fascinava, um pouco de aventura off the tourist shaite, mas pronto, era bla bla bla bla e muito bonito, e verde, e toda a gente que vai ao Nepal vai la' e a minha irma ja' la' foi e gostou muito e vais ver que vais adorar e espectaculo digo eu. Ok, desisti, disse que sim, e la fomos os tres Portugas, depois da despedida dos Holandas, os ultimos, e talvez o ultimo grupo deste segundo semestre a desmantelar-se. Lavou-se a roupa suja toda, disseram-se todas as bonitas palavras de despedida, os abracos da praxe, a lagrima nao apareceu mas o recado que tudo o que e' bom acaba depressa estava la. Adiante as lamechices, chegamos ao park, entramos no jipe Suzuki Samurai que tava bem mais partido que o do Pintado, e lembrei-me daquela noitada em Abragao a' beira rio a falar sobre a vida e a correr atras do padeiro que ja andava a distribuir pao pelas portas. Soube bem recordar.

O prato principal veio logo as quatro horas. Andar de elefante.
Nao, nao vou ao circo, nao defendo a exploracao animal, nao fiquei muito feliz por estar a ser carregado pelo pobre animal que mais nada fez na vida que aturar turistas brancos, gordos, de calcoes acima do joelho, binoculos ao peito e oculos da Oakley amarelos. Mas tambem acho que ha elefantes bem mais explorados, bem mais mal tratados e estourados que aqueles, e que no fundo, ja carregaram mil vezes o meu peso e dos meus amigos de sangue portugas. Vidas, dilemas aparte, la fui eu qual Subrho, qual Fritz a montar o Salomao que no final se tornou Solimao, pelas florestas do Nepal. Passamos o Rinoceronte, os outros duzentos estavam de folga e so um se dignou a aparecer para que a viagem nao fosse ainda mais frustrante e ediota, mesmo estilo turista europeu de primeira linha que compra os packs comerciais onde vai tirar a aventura a martelo, e de canivete e lanterna no bolso dos shortes.
Estava tudo muito bem ate que comecou a chover, e a chover, e a chover, e a chover, e a trovejar e a ventar. E pronto, foi o pe' demo'nio, o Deus ma livre, o apocalipse.
Nestes paises os cabos electricos andam por cima, nao por baixo, e como eu neste caso estava em cima e a andar por cima a uns escassos centimetros dos mesmos cabos que ja encabaram muito boa gente e muita parte do mundo, tive muito receio e diria mesmo que quase me caguei mais que o Elefante durante a longa viagem de trinta minutos, e pensei que se nao fosse um raio, uma arvore, um raminho, ou simplesmente o elefante tombar por cima de nos, podia ser um dos cabos que andavam a baloicar ao bom estilo de um salto a' corda que me ia torrar. Estou mais preto com o sol que apanhei, arriscava-me a ficar torrado.

Um banho brutal, ensopou tudo o que havia para ensopar e se a maquina fosse digital de certeza que nao a tinha a funcionar. Como ja nao tenho nada comigo de valor, so a maquina correu riscos e perigos de vida. Abandonei pois claro, nao tinha consulta as cinco, mas tinha de mudar de roupa ou entao ia passar a noite a Benuroes e familia. Falando em familia, a minha avo diria que iria apanhar uma Pneumonite.

Foi como aqueles dias de verao em que se monta a festa toda e depois vem a chuva e estraga tudo, ou mesmo de inverno outono ou primavera, porque estas coisas acontecem com frequencia e realmente, estragam a festa toda. Se era uma festa neste caso, nunca o saberei, ja comecava a ficar com calos no redondo e nao e' confortavel e nao me deixou de consciencia leve.

Dormi e esperei que o dia trouxesse o bus para Kathmandu, de seis horas.

KF - Vacation Spot

Um comentário:

  1. tienes unas fotos preciosas. waiting for an exhibition! veo que seguís igual de guapos :)

    veravigaray

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