quarta-feira, 9 de novembro de 2011

FAKE PLASTIC TREES

Há coisas que quero fazer quando for grande.
Quando for grande, espero ser grande o suficiente para pensar que um dia já fui mais pequeno. E no meio desse pensamento, ainda ter tempo para ser pequeno, ter tempo para não me levar a sério, ter tempo para respirar fundo.
Gostava mesmo, de quando fosse grande, poder dar-me ao luxo de fazer o que gosto. Mas ainda gostava mais, se o pudesse fazer sem que o sentisse em vão, mal interpretado ou subvalorizado. E bem bem, era ganhar uns trocos com isso, suficientes para fazer o que gostasse. No meio de tudo, concerteza teria de me orientar num segundo trabalho, um outro part-time para me ajudar nessa demanda de fazer o que gosto, porque fazer-se o que se gosta, não é para todos ou qualquer um, é tão díficil como encontrar uma cerveja que está naquele ponto que nem muito gelada nem muito coiso, ou um arroz de cabidela com sangue no ponto, ou mesmo uma miúda que nos sabe ouvir sem falar primeiro.
Mas ainda não sou grande, porque isso de ser-se grande e morar independente é coisa que ainda demora mais dez anos. Alias, creio que é essa a razão pela qual supostamente, se um cancaro ou um avc no entretanto não nos matar, vivemos em média mais dez anos, colmatando assim a nossa fase pré-adulta de descoberta da profissão e do curso que dedicadamente seguimos durante os já corridos anos, que inocentemente guardamos com orgulho sob cruz por entre quatro linhas que formam um dos muitos quadrados ( dependendo do grau de insatisfação/motivação/ambição de cada qual) da lista "coisas a fazer antes de bater a caçoleta".
Talvez, quando for grande, por de entre a floresta de árvores de plástico, que um dia julgara verdes e fortes e vivas como as vivas e fortes e verdes que estão no meu quintal, vislumbre essa paz interior de saber o que se pretende que se faça no meio da anarquia das palavras sem significado, das posturas sem sentido e das situações amarelas do saber-se rigorosamente nada sobre se se avança ou se trava a fundo, tal e qual o amarelo do semáforo e o rápido olhar que trespassa espelhos e retrovisor em busca do homem de azul, qual resposta para o problema, qual "all seeing eye".
Quando for grande, vou-me esforçar ao máximo para me lembrar, que uma vez, não faz muito tempo, feliz estive eu com quatro paredes e um vazio lá fora, num espaço confinado ao espaço, sideral e transversal, sem paralela que se encontra no infinito, apenas encontrando paralelo nesse vazio que nos envolve no momento em que o pouco vale tanto, na escassa luz que como faróis vai guiando aqui e ali, e eu ali sentado, na cadeira de madeira, a olhar para as paredes como se nada mais restasse, apenas aqueles míseros metros cúbicos, míseros se os compararmos ao infinito do espaço pensado, mas que aqui entre nós, valerá tanto e serão tão grandes quanto aquilo que assim pretendermos, pois que se saiba, até então, ainda não nos descobriram forma de bloquear o exagero, melhor dizendo, cortar a destreza de poder fazer coisa nenhuma, coisa equiparável a algo tão grande como o próprio universo que o próprio Deus em pessoa se deu ao trabalho de criar.
Pois, mas como ainda falta bastante para ser grande, e como eu quando for grande quero ser lixeiro ou cameraman, entretanto vou pegar na Bmx do Júnior, que era dele quando ele era mesmo pequenino, e não era minha quando era eu ainda mais pequenino, e vou dar umas voltas pelo bairro a bater com os joelhos no guiador, a sacar piascas e a borrar as calças com óleo.
Isto de ser de oitenta e oito, nos dias que correm, é uma sorte, é que há dez anos atrás e nascido em setenta e sete, já era grande de certeza!
Invictus
Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.
It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

Kyuss - Demon Cleaner

domingo, 11 de setembro de 2011

SUMMER WAS KICKIN!

                                                    












Ainda que meio enevoado, retocado aqui e ali pela cinza do fim de ciclo fruto do prolongado adeus à escola, ao recreio e à boa vida, não deixou de ser um verão.
Talvez o último.

Escreveu-se, entre murmúrios e cânticos, por entre tendas e concertos, vendas e revendas, escapadinhas de fim-de-semana e a semana da praxe pelo não mais nosso allgarve, construído de  folhas e mais folhas e estórias de um oriente longínquo , estrangeirismos à parte, foi beleza cara!


John Murphy - The Surface Of The Sun

vs

Bad Religion - Broken

sábado, 30 de julho de 2011

SKELETON KEY

Vamos lá encerrar um capítulo extenso, não em demasia, sabe bem para xuxu, recordar, relembrar, louvar.
Mas sim, talvez, seja já tempo a mais, é preciso descolar a âncora lá do fundo, levantar areia, ligar o motor, seguir viagem.
Hoje é o dia, a noite, a madrugada, o serão.
Para todos os meus amigos, os de sempre, os de algumas vezes, os de algumas noites, temporadas, férias, liceu, faculdade, estrada ou os acidentais. Para os cá de casa.


No inicio, quando liguei para Portugal, apenas disse que ia para a "Índia". Para o fim do mundo, onde nada havia, onde nada se passava, onde tudo era demasiado pobre, onde tudo estava em crescimento, onde tudo acontecia, onde as luzes ofuscavam tudo e todos. Era maluco, estava bem onde estava, só ia dar pro torto. Ia dar merda.
Foi esta a resposta que levei.
Passados uns tempos, já cá, vi a reacção sobre uma sms datada desses tempos,"O Nuno vai para a Índia". Curto e grosso, no visor do telemóvel do patrão do lar doce lar.
Tudo aconteceu como devia ter acontecido, graças aos Deuses, graças a Eles, graças aos companheiros de viagem e graças a mim também. clap clap. 
E pronto, depois do inesperado convite do Ema, dos milhentos e-mails e chamadas, dúvidas e receios sobre uma publicação, sobre o que era abrir um livro já aberto digitalmente, expo-lo, comenta-lo, dar a ler as minhas mais sinceras palavras, escritas sob uma enorme descompressão e por debaixo de uma temporada emotiva e intensa, preparamo-nos para o baixar da cortina, e já não era sem tempo.
Por tudo isto e algo mais, espero ter os do coração logo à noitinha, para a amena cavaqueira do costume, o calor e conforto da conversa e da troca de palavras entre velhos ou distantes conhecidos, sem o complexo dos grandiosos e glamourosos acontecimentos.


Nada disto era suposto acontecer, mas já que aconteceu, let´s enjoy the ride.

Escrito na tarde de 29.


Hoje.
Agradeço todas as mãos que me ajudaram a carregar a responsabilidade de apresentar algo que felizmente aconteceu, sem nunca ter tido intenção de ser algo, uma coisa, um sinal, um objecto.
Apenas hoje, depois do ontem, consigo distanciar-me e usufruir, apreciar o momento, degustar na boca o sabor do que é belo e corre pelo melhor.

Tremendamente agradecido a todos os que compareceram, espero que me perdoem o discurso que se poderia ter alongado por mais um pouco, mas que na hora me pareceu uma conversa na qual o intuito era maçar o menos possível, conseguindo captar a atenção de todos sem que se esgotasse o período de validade do mesmo, mas talvez tenham ficado coisas, situações, aventuras e histórias por contar. Quem sabe, numa nova oportunidade, individualmente ou colectivamente, terei oportunidade de o fazer. Tudo a seu tempo.
E tremendamente agradecido, elevado ao quadrado, a todos que tem estado lá since day one  da minha vida, mais ou menos presentes, havendo lugar para tudo, porque de tudo isto é contruído, todos os tijolos contando, como também, do dia um do "Um Delicado Sentido de Equilíbrio", já descobri com isto, que Equilíbrio, leva acento no segundo i.

Hoje é o dia, de respirar bem fundo, e pausada e descompassadamente, sem relógio, nem tese, nem horário, nem compromissos, digerir tudo isto com serenidade.




Over and out.

Miles Away . The Constant


Face the ever present problem, ongoing mistake
Way I choose to be, alone
Conscious decision, a way to dodge commitment
The space that I have chosen ‘til now, for now

I spend my days hiding in the dark
Afraid of outcomes not offered to me
Think of what is right, every minor detail over again, back and forth
And I will face this on my own
And I will face this all alone

And day by day I try to break away
From what I’ve come to know and how I’m set to think
This is the constant guiding me, the only constant I can see
And I will wait alone, that’s where I’ll be
I’ve got to face it on my own.

terça-feira, 21 de junho de 2011

TOYO!


(Bem lá atrás, quando o TOYO era o maior, e o mundo era cem por cento ao contrário.
O JETTA era o melhor carro do mundo, o mais fiável, o mais rápido, o mais seguro, o mais sujo, o mais fiel.
E mais importante que tudo o resto, nós não queriamos problemas. Só queriamos dormir!
Da praia a São Vicente foram algumas horas entre as nervosas vírgulas da paisagem limpa e plana, com o sol a fechar o tasco.
O Iordanov (afinal era o Marius Nicolai) já não jogava no Sporting, mas todos nós ainda jogavamos o jogo do recreio, aquele dos projectos da faculdade.

Hoje está tudo igual, menos igual noutras coisas, mas preto no branco, mesmo esquema.

Amanhã vou de encontro ao recuerdo, dos míticos cinco.

Desfalcado ou não, Alentejo, até já.)


De hoje.

O vw voltou a cortar o ar, às fatias de pão com atum salsicha batata frita pala pala e cogumelos de lata, o Forais de Penafiel quente refrescou a garganta, o bronzeador ficou em casa e os braços ainda ardem, o poker foi de quem ganha sempre, o incenso zen transportou-nos para outras praias ainda mais exóticas, o sobe e desce de dunas e areias e toalhas espalhadas, quatro animais numa tenda mas sem cadeirinha, discos e discos e discos sem fim, pasteis de nata de Belém, bairros altos com caipirinhas xxl, trinta e seis horas sem parar, um par de horas bem dormidos que mais pareciam doze ou treze, boas conversas sem grandes conclusões, o Porto partido no chão e o chão onde se dormiu que nem penedo, os penedos da costa e as costas largas a mamarem com o Sol.

Foi isto e muito mais, em slowmotion, de cores baças e sem saturação, filme de 35mm queimado nas laterais.











Bon Iver - The Wolves (Act I and II)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

FIRST BREATH AFTER COMA


Seis da tarde, intercidades com destino a Lisboa.
Eu e o Pedro, porque há sempre aqueles que estão sempre lá, porque ainda bem que a vida não é feita de quantidade mas sim de qualidade.
O Ema lá me esperava com a Liliana para atravessarmos de barco para a outra margem, para finalmente encerrarmos um capitulo que se vinha a prolongar desde inícios de Fevereiro de dois mil e dez. Obrigado.
A Dona Natália e o Sr. Fernando lá nos esperavam para o resto, reza a lenda, que o cabrito, o vinho biológico "Duas Quintas", o quiche vegetariano, as empadas, o sofá da sala, a hospitalidade, o conforto de quem está na sua própria casa, fizeram as delicias de um rubro-negro que apenas foi ver a bola e não era de lá.

Na primeira noite de trinta e seis, o Daniel recordou-me do quão bom é falar com amigos lá distantes, o PZ ditou o beat dos 80s, o Pedro deitou o sorriso cá pra fora, o Netz acompanhou nas linhas da frente e fizeram-se promessas e gritaram-se golos à trave e ao poste, beberam-se copos por tudo com medo do nada, num infinito sem vazio à vista, o Gatuso e o Snape já eram prata da casa, as coxinhas do frango veg que o Leo acabou por acabar, e acima de tudo senti-me abraçado pelas amizades que um certo movimento, uma certa crença, foi despoletando ao longo dos anos. Tive ainda tempo de a cambalear cantar a melhor bridge de sempre, da Water, com os irmãos X-acto. Melhor que isto?Nem gambas.
Duro o núcleo.
Os outros duros, apareceram vindos na Renex, like a stone. Tenho pena que outros não pudessem ter lá estado. A sua ausência picou o ponto.

O livro foi um pretexto, para recordar, passar o testemunho, partilhar histórias e estórias, até então os momentos dourados destes vinte e três anos.

Fica difícil assim, abre um sorriso bem rasgado, a garganta dá um nó, dá vontade de cerrar as pálpebras e respirar bem fundo. Conice? So what? Importa sim, a tanta distancia de casa sentir-me tão perto dela. Assim vale a pena, porque foi desse modo que à segunda noite dormi que nem um calhau, coisa que desde há muito tempo é rara, escasseia, e se vê pontilhada de segundas vidas e sonhos e corridas infernais pela noite dentro, sem que o descanso dê sinal, sem que a mente dê a trégua desejada. Fazer o quê?

É tudo isto que se leva, e tudo isto é bem bonito, como o carro do outro, não é amarelo, é o que é, o que eu espero que seja, o que eu pretendo escrever ao longo deste percurso.

Se falhamos? Ya, sem dúvida. Erros? Às resmas, mas um gajo faz o que pode, sempre que pode, 24/7 com o urso a martelar na moleirinha do menino. Margem para esses erros? Muito pouca, mas são vidas.

Também costumamos acertar. Serão essas que nos podem deixar descansados e cientes que se vai dando o máximo em cada gota de suor depositada na mais simples tarefa.

Vim embora feliz, orgulhoso por tudo o que foi esta viagem e este enorme convívio, e agradecido pela imensa dedicação e trabalho cheio de um saboroso sumo. Não irei mencionar de novo quem, esse Viriato está também de barriga cheia e feliz, assim eu o espero.

A correr num flash, durante a curta apresentação, passou-me a poeira pelos cabelos, o deserto e o mar, as selvas urbanas, a companhia dos meus companheiros de aventura, e o vazio da sua ausência.

Um gigante obrigado, vindo lá do fundo de um cro-magnon feliz.

HH - Watch Me Rise

"goddamn", he said, "i promised myself
i'd never feel this fucking way
again, this world has got me praying on my knees
for one peaceful thought

in my mind,
my stride,
my life,
my time
is consumed with a thousand thoughts

flying free like a flock of birds
with no direction or intention of finding home

it's so hard to think,
it's so hard to change
when this world doesn't see you any other way

in this world, they choose to see me,
they choose to see me
like a setting sun

so it's up to me,
i have to see me,
i have to see me
like the rising one

in my days somebody told me that the rain would always come,
always come to wash away the pain
but nothing changes and this world still wants me down,
wants me down on my knees praying in that rain

"born this way, die this way"

i'd rather die on my feet
than live on my knees
i'd rather die on my feet
so you can watch me,
you can watch me

WATCH ME RISE
with the things we carry

the loss,
the scars,
the weight of heavy hearts

so i say to the slaves of depression
CARRY ON
and sing the sweet redeeming song
about living this life free and long

watch me, watch me,
WATCH ME RISE
for Miles and miles





-respect is everything-

terça-feira, 24 de maio de 2011

A FESTA DA TAÇA

Sete da manhã.
A água desperta, o cheiro a bife na frigideira alerta para o dia longo que se adivinha. O épico dia.
Bongos, sandes, chamuças, laranjas e cervejas. Farnel pronto, camisa vestida, boné no saco.
O meu primo que também é doente da bola, as sete e quarenta e cinco em ponto, aponta à porta de casa.
Enche-se a mala, segue-se viagem até casa do Tio Clemente e aí vejo que a casa gasta o mesmo, alias, a dona de casa, a Graçinha, mete iogurtes, resmas de fiambre e queijo, sumos, mais cerveja, panados, rissóis, bolinhos de bacalhau, e tudo o resto que desse para ocupar o espaço já lotado do pequeno saco térmico.

O resto dos camaradas aparecem depois, volta-se a encher a mala, estende-se a manta no banco de trás, dancemania 2011 no rádio e A4 em direcção ao sul. 

Afinal de contas, era a Festa da Taça, no velho Jamor. First things first, porque dias de clássico não são dias comuns.
A caravana lá seguiu, as conversas do costume, ainda a ganhar espaço para meter a palavra no meio das dos outros. 

Chegados ao destino, a fila era grande, a azafama ia-se pronunciando ao longo do parque esverdeado que se vislumbrava à nossa frente. Fizemos TT com o Polo do seguro, estacionamos de ladex, estendemos a toalha e começamos a abrir tupperwares e a massajar a barriga. Ia ser um longo dia.
Panado na boca de boca aberta para falar, cerveja fresca na outra mão, sol a pique, cadeira emprestada enquanto os vizinhos iam procurar o familiar que andava perdido no meio do vasto parque de merendas improvisado. Aqui e ali grelhavam-se feveras, frango, costelinhas, pimentos, salsichas entre outros enchidos. Lembrava a senhora da Saúde de Bustelo, a sombrinha e a famelga reúnida enquanto a cambada era toda nova. Good old times.

E era disto que o Povo gostava, da borga, do escape, dos berros e das bolas perdidas no ar, dos prognósticos antes do jogo, da cartada lançada nas muitas mantas coloridas. Foi este o Portugal que copada atrás de copada, comecei a analisar. Infelizmente, não sei se a modo de depressão, começou a fazer todo o sentido.
A malta ia mijando onde podia, à frente de qualquer pessoa, as bolas batiam nos carros, alguns faziam peito bravo às balas, outros berravam palavroes e cheirava a erva. As barrigas estendiam-se no chão, comiam-se mais e mais panados.
O sobe e desce foi descendo e subindo, a confusão começou a apertar, demasiado, era tudo demasiado, agreste. Comeram-se as últimas buchas, acabaram-se as superbock, fechou-se a mala, boné na moleirinha e começou-se a escalada montanha a cima, O monte tava cheio, tudo ao monte e sem fé em deus, gargantas ao alto e cerveja apontada ao céu, garrafões a voarem e gangues nas eiras, tudo a rolar como pedras rolantes, embatendo em árvores e rasgando arbustos. Chegamos finalmente à entrada Maratona, ironicamente em corta-mato, de estomago cheio e já de pés levantados. O primo do outro lá apareceu, abraços para toda a gente e um "vamos ganhar caralho!". Deu ainda tempo para abastecer novamente nos quiosques, tirar bilhete e entrar.

A imagem era deslumbrante, branco do lado direito, azul à esquerda, avalanches de gentes a subir e descer o velho Jamor. Uma estranha mistura entre a arquitectura do Estado Novo e as enormes estruturas de iluminação a meu ver modernistas, destacadas e separadas de tudo, a surgirem da densa vegetação.
Mas à semelhança de tudo o resto, eramos só um povo borrachão e desorganizado, feliz pela festa e pela parra, num Estádio decadente e limitado, numa Taça à Portuguesa presidida pela sua Excelência e por todos os outros. Era isto, alias, sempre foi e sempre será. Limitado e desgastado, decadente.

Ao quinto Golo acordamos, estava ainda a flutuar, com o sol e a cerveja, a destilar sobre o sol impiedoso, eu e os outros cinco, aí berrou-se e saltou-se, galgaram-se bancos e pessoas, mosh geral, berreiro e amor eterno pelo azul e branco...





Subimos tudo novamente, para tudo voltar a descer durante quinze minutos intermináveis em lata de sardinha a cheirar a cavalo. Mandamos mais umas buchas e tentou-e acabar o farnel, fomos seis durante um quilometro para levar o primo do condutor ao seu automóvel, passamos por quatro mais um com duas cabeças e o policia achou estranho não levarmos ovo azul de cadeira de rodas na traseira do carro, mas dia de taça é dia de taça. Afinal de contas, era mesmo a Festa da Taça.

Novamente fica o sentimento deste Portugal por se concretizar, sedento de bola fado e vinho tinto, tacanho e atropelado, esquecido e fugaz. A única coisa que não o é, é a mentalidade.

terça-feira, 17 de maio de 2011

EYES LIKE KNIVES!



                                      

                                      

hexes

segunda-feira, 28 de março de 2011

THE LITTLE!



We, the little portuguese.
The delayed ones, the fatal errors of a western world, the forgotten ones who once started this actual and fashionable globalized world.

We are the blue screens of death, the random winners, the silver medals and the quarter finals.

We, the ones who used to hang a bunch of red flowers honnoring a pacific revolution, of our hearts and minds, of our wills and lives, of our buried grandparents and young fathers and mothers.

We, the lost to be found, the tail of a train, without the nuclear, without the warfares, without the subs, without the guns, standing alone and tall with all our ignorance.

We, with our fado, com saudade.

We, as the shitty youth, the cheap talkers, without a chance to prevail, without the will to risk anything, but mainly, without a purpose.

Rarely with a sight inside our minds.

But, there are always days like today, just a few after the government had its last breath but not until the last lie was pronunced, just a few before FMI, just some before all hell breaks loose, we had a small piece of light breaking through our dusty future windows.

I am raising my head up high, looking into these blackened tides reflecting in a pale grey sky, searching in my fukushima chronicles (looking for something we all lost back there, the act of thinking local. We all do live above our needs and possibilities. And we all know that. Japan is paying the bill.)

But today is the day that I can praise the place where I am growing stronger for the last few years, with plenty to come, I hope. I can say that I am from a place that has two Pritzker prizes, or that I am from a country that at its worst can have two-of-a-kind human beings among a river of other personalities. Some that I care about, and a lot that could be burning in hell right now.

Hoje, um outro Português fez história, de seu nome Eduardo.
Quantos outros serão necessários para falarmos menos e fazermos mais?




Paulo Mendes da Rocha, arquitecto brasileiro, Prémio Pritzker 2006

“É, para mim, uma grande alegria ver o Prémio Pritzker ser atribuído a Eduardo Souto Moura. É uma afirmação, para todos nós, da força do discurso da nossa querida língua portuguesa, da nossa arquitectura como discurso sobre a nossa existência nos espaços do mundo e sobre a construção da nossa cidade. É um prazer extremamente particular poder abraçar o meu querido amigo Eduardo Souto Moura.”



This was thought local but globally expressed.

Jorge Palma -A gente vai continuar

Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar




quarta-feira, 9 de março de 2011

LOGAN!


sem logan, nem JB, nem Jack, nem nada, completamente out of step.
simplesmente LOGAN!

com um galo de barcelos e um pedro joaquim

Just Went Black - Full Circle
dada a situação de zero alcool, e de ser um dos X, a cantiga apropriada poderia ser:
Mino Threat - Straight Edge

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

MOYA










Há muito pouca coisa que nos arranca do sistema, do maquinal, do normal, da rotina. Mas mais raro que isso, é ainda haver coisas que não roçando a perfeição, nos empurram para um colapso tão grande de emoções que nem é bom pensar. É um misto entre pele de galinha, borboletas no estomago, cara escarlate, arrepio na espinha, orgasmo. É uma antagónica vertigem que puxa a lágrima do olho e nos deixa knoutouteados.

Mantermo-nos atentos e acordados, é um combate, e a luta entre o Céu e o Inferno nunca pareceu tão secundária.Importa é viver, que se foda o ponto final.

Moya será sempre a banda sonora de tudo o que há de bom aqui, de todas as boas lembranças, de toda a beleza inalcânçavel, de todo o bolo efemero que nunca iremos comer, de todas as taças que levantamos, das que estão para ser levantadas ou das que vimos os outros levantar. Todos os murros na cara, sangue na boca, ira na mente que faz chorar.

Será também todo um perfeito, composto por nove partes, pedaços da terra ainda por escavar.

É carne e é espirito, é aura e é sentido, um Norte sem fim que se teima em largar.

Séra o abraço cheio e o aperto de mão forte que nos faz estremecer.

MOYA é sem sombra de dúvidas, um hino a tudo isto que chamamos de vida, de sonhos, de futuro, de passado e presente, de mágoa ou comunhão, rancor ou solidão.

Alegria e é paixão.



GSYBE! - MOYA

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

COMFORTABLY NUMB!

gif animator
PINK FLOYD

Hello?
Is there anybody in there?
Just nod if you can hear me.
Is there anyone at home?
Come on, now,
I hear you're feeling down.
Well I can ease your pain
And get you on your feet again.
Relax.
I need some information first.
Just the basic facts
Can you show me where it hurts?

There is no pain you are receding
A distant ship, smoke on the horizon.
You are only coming through in waves.
Your lips move but I can't hear what you're saying.
When I was a child I had a fever
My hands felt just like two balloons.
Now I've got that feeling once again
I can't explain you would not understand
This is not how I am.
I have become comfortably numb.

(solo)

I have become comfortably numb.

O. K.
Just a little pin prick.
There'll be no more high
But you may feel a little sick.
Can you stand up?
I do believe its working. Good.
That'll keep you going through the show
Come on it's time to go.

There is no pain you are receding
A distant ship, smoke on the horizon.
You are only coming through in waves.
Your lips move but I can't hear what you're saying.
When I was a child
I caught a fleeting glimpse
Out of the corner of my eye
I turned to look but it was gone
I cannot put my finger on it now
The child is grown,
The dream is gone.
I have become comfortably numb.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

TIME TAKES ITS TOLL



Para quando a gente crescer.


Quando a gente crescer, deviamos-nos lembrar do melhor livro.


Ou da quantidade de vezes que vimos o melhor filme.


Saber qual foi o primeiro CD.


Ou ainda recordar a grande maioria das músicas da MIXTAPE que gravamos no velho HI-FI.


Ou das primeiras sapatilhas que nos fizeram pensar que eramos o Ninja cá do Bairro.


Ou da chapada na cara que doeu mais e a razão por a termos levado.


Ou da coça que levamos no recreio da escola e o que dissemos "face to face" a quem nos apertava o pescoço como se não houvesse amanha.


Do primeiro Golo ou da ultima grande defesa no alcatrão já extinto da Secundária de Penafiel.


Do nosso primeiro Crush.


Do nosso primeiro carro desde que nos lembramos que o carro é um carro e que têm uma marca e que dá para ir na A4 a adivinhar as marcas e os modelos e as cores.


Da primeira Palavra.


Do primeiro jogo de xadrez com o Pai de Familia.


Do primeiro jogo da Bola nas Antas.


Do avô a berrar para sair da frente da televisão. Tenho pena que não tenhas visto o Jardel a marcar tantos golos...


Dos pães com Ovo e das tardes na casa da Maria.


Das voltas nos carrinhos de choque ou das idas à churrasqueira.


Da quantidade infindável de jogos do Penafiel no 25 de Abril.


Do primeiro vaso partido em Canelas.


Da vitrine da Açoreana e do primeiro Sucol lá tomado.


Da primeira bicicleta amarela.


Da ultima frase da Educadora de Infância antes de irmos para a Primária.


E da primeira frase da professora da Primária.


Ou da primeiro insulto do colega de carteira.


Ou do primeiro recado para casa que a Claúdia fez questão de lembrar quando tocou à campaínha cá de casa e me fez enfardar mais uma vez.


A primeira vez que roubamos fruta e o sabor que ela teve, mesmo que azeda para cacête.


Do primeiro desenho que a mãe guardou na gaveta das meias.


Da primeira Playboy.


Do primeiro concerto a que assistimos ou do primeiro concerto que pensamos que demos.


Da primeira carta.


Da ultima também.


Do primeiro livro do Asterix.


Recordar as mil vezes que nos disseram que os Calipos eram só água e que o Mini-milk alimentava mais e nos fazia crescer.


De fugir do saco vazio "do Bicho" que faz mal a quem não se porta bem.


Dos Ficheiros Secretos que são a fazer de conta.


Lembrar da primeira vez que fugimos para a sala para ver televisão fora de horas.


Do primeiro Clube fantasma super secreto do qual toda a gente sabia.


Da primeira vez que se tenta ser guitarrista de vassoura na mão e se caí redondo no chão.


Da primeira tábua e do primeiro queixo partido.


Do primeiro ataque de ansiedade quando a solidão aperta.


Da cabeça rachada na porta de Casa.


Da primeira Bola a sério.


Do primeiro LEGO Technic.


Do primeiro buraco que não encontramos quando a vergonha esmaga.


Da frase que nos queima e nos assa e nos mói como um cilindro esmaga o alcatrão.


De todos os momentos em contraluz que ficam no banco de trás das nossas memórias.


Da partilha e da entrega.


Do primeiro festival.


Ou do primeiro festival que tentamos organizar.


E do primeiro festival que realmente organizamos.


De todas as opções que tomadas, tomadas ficam, para o bem e para o mal.


A primeira viagem.


Ou a primeira viagem sozinho.


Da lágrima ou da baba ou do ranho


Ou do sorriso de miúdo


Pelo Certo e pelo Errado, nada mais posso acrescentar à chamada de valor acrescentado,

obrigado pelas caneladas e santolas, stress e ansiedade,


sem as costas grandes não se levanta nenhum peso.


HAVE HEART - WATCH ME RISE!

"goddamn", he said, "i promised myself
i'd never feel this fucking way
again, this world has got me praying on my knees
for one peaceful thought

in my mind,
my stride,
my life,
my time
is consumed with a thousand thoughts

flying free like a flock of birds
with no direction or intention of finding home

it's so hard to think,
it's so hard to change
when this world doesn't see you any other way

in this world, they choose to see me,
they choose to see me
like a setting sun

so it's up to me,
i have to see me,
i have to see me
like the rising one

in my days somebody told me that the rain would always come,
always come to wash away the pain
but nothing changes and this world still wants me down,
wants me down on my knees praying in that rain

"born this way, die this way"

i'd rather die on my feet
than live on my knees
i'd rather die on my feet
so you can watch me,
you can watch me

WATCH ME RISE
with the things we carry

the loss,
the scars,
the weight of heavy hearts

so i say to the slaves of depression
CARRY ON
and sing the sweet redeeming song
about living this life free and long

watch me, watch me,
WATCH ME RISE
for Miles and miles


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

SOME WORDS!



The gazelle left the shelter, climbed the tides, the wind hummed in his once rigid bone structure, now reduced to a body dented by the owner of a distant land, where deer do not climb hills or mountains are pleasant places for a deer. It was just another Tuesday night, a night of jazz, bebop night, night of Heineken, a night of pleasant prattle.
The custom of sitting on the terrace, the cracking of cold, white hands clutching the frozen , Dutch beer with cream, golden malt, in conversations disjointed and random, without the chance cared until Nelson told us about the workshop, travel, change of habits, of the shock. We said we would think about it, that would be epic and we would see, that we would consider, or basically, we went.
And we did. And I went, and came back, and now I keep every yard, every mile, every second, every drop of sweat or tears, each squeeze of the heart or inner released, every kick in the stomach, every crumpled or kneading clay that I shot through the hole in the ground. Kept the hugs and insults, anger and joy, the empty feeling of emptiness that engulfed me when I felt accompanied by millions of others who lived in his individuality, on their way, their journey, their story just like mine as mine did not exist.
The smell that filled the void that was once down the middle where I insert, I released the weight and I straightened the spine, the vertebral but not the psychological, not rational but the abstract attached to theorems and equations that only illogical maths can be resolved elsewhere than here.
The physical weight on me was inversely proportional to the interior and in the end I lost too many kilograms under the mind and looking beneath the dermis layer and not through flesh. Understood perfectly the meaning of many words that once were part of a dictionary on the shelf of forgotten home office, or any of the crosswords filled on a summer sun, on a beach towel, without the slightest sense of belonging, not to be the meaning of your number of vowels and consonants or if horizontal or vertical.
There are invisible victories, marked by small gestures and small words, sometimes one thousand conversations, sometimes a look, or just a hug or a smile. There are victories that we won because we risk it in the dark, because the step might have been greater than the leg but the leg shaky and unstable that withstood the pressure. There are times when nothing makes as much sense as wearing a little tissue and breath to kiss the hot wind that blows against us, without ever letting it dictate the way forward, never thinking that will happen, never want everything to end up fast.
There are days when all this passes me in a flash, it all passes me on the front sight can be seen as a disappointment to the erotic slide placed between frames of a movie that is now another, a reality that is so true. I had predicted a return this hard and bumpy, not the flight segment, not in the zone, but the mental gap. In those days the head back on the pillow, pull the sheet up, close my eyes and I came out of the bag made bed, get up that yellow-brown sheet, at a terrace overlooking the lights deep down where all day he heard the train, down the dark marble stairs, clutching the red rubber guard and going right to the ground-floor, hear the murmur of a partner´s sleep who lays on the sofa broken in half, while the table is crowded by Aluminum with remains of baked potatoes with cheese and tomato and olive oil, turn on the kitchen light and watch the cockroaches seeking shelter, give up the chase and exterminate, grab an iron glass and lean over the water purifier that could well be a boiler, swallow two sips so strong, turn out the light and make a new climb to the roof without shingles.
The stories that follow were written mainly in Internet cafes, travelling or during periods of reflection after them. Were written on keyboards often hard and blackened by dirt, in places without air conditioning, high temperatures and where the most typical characters crossed me.
The reflection was a constant, I understand now more than ever and I guess right, I should write about the great number of events and situations with which I was confronted about the everyday or unexpected, about the conflicting feelings that plagued me ever not to forget such a life lesson.
These little "posts" were also letters, complaints, confessions, testimony, memos or a simple invisible friend externalized through the words where I painted a state.

This song is for you all my dear friends, my deepest me, warriors of a space without time, of a war without casualities, of a sun without a limit.

Miles Away – Rain Eyes

Reflect against a mirror of yesterday
Laughter we shared, a moment of clarity
The best ones you know, the first ones to go
So think back, look deep within, don’t let the burden suck you in
I know there are times we question reasoning
The best ones you know, the first ones to go

And now we’re grown up, we forgot all we had to say
Like sand running through our hands, eroding days away

Against a window of yesterday
Drama we shared, wouldn’t change a thing
The best ones you know, the first ones to go
In the end tragedy closes in
Stealing young lives before they even begin
And taking old lives that need to be read
The best ones you know, the first ones to go
We won’t forget times that were shared, the memories remain
We won’t forget times were shared, the knowledge engrained
So flick through old photographs, remember the lives that have come to pass
Holding back the year that come so fast

As the tears roll down your face
The pain of seeing your love laid waste
This is not in vain, we will not forget

Now we’re grown up, we forgot all we had to say
Like sand through our hands, eroding days away
We won’t forget times that were shared, the memory embraced