quinta-feira, 30 de maio de 2013

RUNAWAY

Somos dos que fazem parte do grupo dos perdidos.
Aqueles que estão perdidos por aí, pelos aeroportos, pelos escritórios, pelos centros de auto-ajuda, pelos correios, pelas vielas e estradas fora. Uns pedem indicações aos que falam línguas incompreensíveis, outros perguntam porquês, alguns descem escadas e questionam pai mãe e irmãos, outros sozinhos, apenas tem as paredes para mirar e apreciar o seu branco cal adoçado pelos dias.
Alguém que não eles, há não sei quanto tempo atrás, escreveu sem corrector, calcou merda e não limpou, e de forma consciente e egoísta, borrou alcatifas, carpete de entrada, toalha para os pés, entrou deitado nas camas, sentou à mesa e comeu, passeou-se pelos lados em que dormia melhor, e as solas dos pés já ganhavam a crosta de todo o esterco que minava todos os campos sobre os quais caminhavam.
Aos que se seguiram, surgiram miragens e miragens de desertos de alcatrão, sobre quatro rodas, duas rodas, de viola às costas,por onde foram todos seguindo, um por um, mato adentro.
Uns acharam a insatisfação, outros a felicidade da inocência, de garganta seca, peito esvaziado,  a grande maioria, achou os vácuos de todos os não lugares mentais por que passaram.
Hipotecas.

Cagaram para a taça como se a taça fosse deles,
mas não era.