sábado, 31 de maio de 2014

Apocamelo Now

Acordei sobressaltado. Estavamos parados entre duas casas, quase em cima de um quintal. Seria Hue? Nao, era so a paragem do costume para gastar uns trocos em cafe, bolachas e bananas. Oito da manha, tinhamos dormido bem no sleeper sem nada a apontar; bruta energia para o desgaste ate' Hoi An e Ho Chi Minh.
Pedimos um cafe, uma omelete, umas bananas e a garrafa de 'agua que tem lugar cativo a cada mesa por onde nos sentamos. Ainda estava a abrir os olhos quando me comecei a aperceber que estavamos na DMZ, zona centro do Vietname onde outrora se dividiu o Pais em Norte e Sul. Num periodo que antecedeu a Guerra do Vietname, fruto das negociacoes entre China, Ho chi Minh e Franca, originando dois Paises com respectivas capitais em Hanoi e Saigon. Tudo isto e muito mais na wikipedia e na enciclopedia la de casa. Basicamente, Platoon, Apocalipse now e Full metal jacket 'a distancia de 20$, com almoco incluido e transporte para Hue, onde supostamente iriamos apanhar a ligacao de Hoi An as 13h. Hesitei bastante, a Ana disse que alinhava e eu queria matar o bicho antes que fosse embora e nao visse tunel nenhum a nao ser o de 'aguas santas. Soava tao tao a esturro, a cena do cota que tinha uma van para nos e que nao so ligava para a Camel Travel como tambem sabia as horas a que a camionete partia . Mas ya, estamos sempre na rotacao maxima na tentativa de nao ir para casa com a sensacao que ficou tudo para ver e que foi so vir passear a peida a oriente, de modos que, siga a marinha, bota nessa. Seguiram todos viagem, estupefactos com os dois morcoes que estavam a abandonar o barco antes de bom porto, retirando as mochilas da camionete e a seguir viagem para norte, no sentido oposto ao que a caravana tomava. Mesmo cena a la tuga, venha venha venha ver a merda que fez. Ta tudo a marchar para um lado mas vamos no oposto que la e que vai ser bom.
O mestre tinha referencias porreiras no caderninho, coisa que funciona muito por estes lados quando te perguntam de onde vens e te mostram prontamente uma review de um artista da tua zona, se nao tiverem de Portugal vem de Italia ou Alemanha. Afinal de contas, para nos oVietname tambem fica para os lados da malasia e da china e da coreia e da indonesia. Works both ways.
Comecou fraco mas a coisa la aqueceu, seguindo os passos da ocupacao americana, vimos a ponte pintada de duas cores - 17th parallel bridge- uma para cada lado da barricada, tiramos as fotos da cena a' frente dos monumentos - big as fuck como todos e quaisquer monumentos de propaganda socialista -, e seguimos para o prato principal. Os tuneis de Vinh Moc.
Ele era call of duty, era medal of honor, era tudo. M16 ak47 counter strikes e lanca rockets como diria o meu irmao. Tudo para dentro do caldo, e voila' , sentimento de estarmos mais uma vez a viver o filme que realizavamos, estilo Francis Ford.
Os tuneis sao impressionantes. Arte e engenho ao expoente maximo, descemos ate aos 15m de profundidade, onde outrora mais de noventa familias viveram enquanto as bombas iam caindo a' superficie. Maternidade, quartos, sala de reunioes e uma zona ainda mais profunda anti bomba perfurante. Top quilhones. Ate aqui, tudo certo. Ate ja comecava a acreditar que estava tudo controlado. Deu tempo para dar uma volta pelas praias,descer a costa ate ao tascoso e almocarmos a' pressao para poder sair a tempo de apanhar a camionete para Hoi An. Right. 'E nesta parte que nos ferramos, big time. Hurry hurry, mini van mini van! Go my friend go my friend! E, sem ter muito tempo para pensar, atiramos com os sacos para a carrinha. Estavamos apinhados como roupa na maquina de lavar, entre peixe seco, sapatos para revenda, e mercadorias que iam para Hue. Isso mais a gente que seguia conosco, ao meio dia, com bus as 13h, estava num calor do caralho, suor a rolar em bica, pouco espaco e a carrinha parecia que ainda vinha da guerra - montada com partes de um aviao americano despenhado em rockpile. Era uma Hiace como muitas que ja vi, mas esta ja ia a rodar mais do milhao de kms, e o piloto levava uns rayban da moda, com quem conseguia comunicar quando metia a cabeca de fora e com alguma mimica esperava que ele olhasse pelo retrovisor. Ainda voltamos para tr'as para apanhar uns quilos de batatas e cebolas e que se fodam os estrangeiros que vao no banco la' de tras e que por muito que digam hello my friend, hurry hurry, 'e mesmo um "pa que vos pariu" inde brincar para a vossa terra. A minivan que o artista nos tinha orientado, nao era mais do que uma especie de autocarro / carrinha que aqui faz o percurso da aldeia ate a' cidade e vai carregando gentes e pertences para la' serem entregues. Arrivamos duas horas depois, no outro lado de Hue, mochilas as costas, sem ligacao para Hoi An e sem spot para a dormida. Pior que isso, sem comprovativo de que tinhamos viajado na Viagens Camelo. Depois de gesticular, bater punho e dar o cartao da agencia de viagens de Hanoi, la tivemos direito a bilhetes para o dia seguinte. Sem paciencia, e com a nocao do dia perdido num calendario ja de si apertado que nem o nosso olhinho do cu quando nos demos como perdidos depois de deixar os turistas continuarem na viagem onde supostamente iamos bem, so me lembrava que a caminha e' cada qual que a vai fazendo, e nos tinhamo-la feita assim mesmo. Sem lencol nem fronha, porque esta calor e a gente gosta de dormir ao relento. Porta seguinte, albergue por 8$. Tratamos de lavar roupa e tratar de bizz. A viagem nao acabava ali, e la porque ninguem para em Hue, nao quer dizer que Hue espremidinho nao tenha sumo. Mas a moral da tropa estava baixa. Eu bem disse que curtia o Apocalipse e o platoon. Era preciso algum vedume de vinganca e fodilhice para ser vietname.
Enquanto uma hora antes deambulavamos pela cidade velha na minivan, reparei num spot com bom aspecto, num lago cheio de nenufares. A esplanada do Calvario la do sitio. Quando voltamos para a cidade, a pe', num fartote de metros, tentamos dar com o sitio. E demos! Oasis com menus so' em vietnamita; a pinta do menino. Cerveja local e gente local no meio do lago dos patos. Luxo. Afinal ainda mexia, ja tinha levado biqueirada na tromba mas a viagem ainda mexia. Um relax, duas de mimica para beber e para pagar e guiamo-nos para a beira da cidade proibida para poder desenhar um pouco. Havia de se arranjar ocupacao para o tempo. Encontramos um sitio que parecia antigo o suficiente para ter boa comida, o rapaz - chamado Uy-, veio prontamente receber-nos e o frango do menu parecia estar a chamar por nos. Estavamos no low cost: depois de 20$ para uma meia visita, mais algum para a dormida, equivalia a dividir a coxinha. A nalguinha, massacrada ou nao, cada qual ficou com a sua.
Estendi o caderno, duas fresquinhas e venha o frango. Uy senta-se e fala-nos de fazer Hue  para Hoi An de mota. Nem olhei nem falei. Ja tinha sido comido duas vezes num dia, tres vezes ja era ir ser mais Camelo que o Goda. A Ana ficou toda feliz com a perspectiva de irmos de mota, de perdermos o bilhete que ja estava pago, e de rebentarmos mais 35$ na viage. A verdade 'e que esse ;e o nosso budget por dia, se tivesse tudo incluido, era um bom plano - como todos os outros que ja deram teia.Ta tutti. Depois o Uy comecou a mostrar comentarios e apanhamos um gajo de Paredes - qual e a probabilidade - Jose Rocha, a dizer maravilhas da coisa. E mais uns tantos mundos e fundos pelo tripadvisor. Damn, ser'a que finalmente tinhamos dado com alguem em algures, que ia meter a coisa a rolar sem incidentes? E foi realmente coincidencia termos ficado em Hue por acaso dos acasos, nao, melhor, por camelice das camelices, nao dos outros, mas nossa, por ainda acreditarmos em tudo o que nos dizem a' primeira. E' mais vontade de acreditar que crenca, mas tudo bem, se por ai fosse, muita gente nao ia a' missa ao domingo nem levava o menino a' escola.
Viemos de mota ate Hoi An e contra todas as probabilidades, esta deu mesmo certo, sem truques, so gozo e muita hospitalidade. Foi no olho do cu, mas do touro. Bull's fucking eye. 50 pontos nas setas. bola preta a' tabela e com o buraco apontado.

The Doors - The End









quinta-feira, 29 de maio de 2014

Napalm na rua sésamo

Passaram quatro anos, mas lembro-me bem da noite em que estávamos a chegar a phokara. A Inês estava acordada e saiu-me qualquer coisa do gênero: um dia havemos de ir ao Vietname. Há dias foi assim mesmo, carimbamos o passaporte e pisanos a terra dos mil dragões, das mil motas, dos milhões de springrolls, litrosas de napalm e sete bolas de cristal.
Nightbus para Hoi An. Mais uma maratona para as Rosas Motas que querem fazer tudo num mea. Quanto mais vamos falando com mochileiros, mais nos apercebemos da gigante quantidade de pessoas a viajar sozinhas durante largas temporadas. Um mea já foi obra, tirar meio ano é cortar cordão umbilical.
O bus esta sereno, muita lomba, mas apesar de tudo este tem wi fi - só fora da hora ponta, quando tudo dorme dá dois pauzinhos de rede - e tem WC que fica aqui mesmo atrás. De quando em vez da direito a fragancia sem aloe vera. Esta perfeito. Das dezenas entre índia Nepal Tailândia e Vietname, este ganha o globo de ouro. Tanto e que ate o Jorge palma tocou uma cantiga ali a frente ao Lado do motorista: ligamos o microfone que faz sempre fiobeque nas visitas de estudo da escola e o jorge lá tocou a encosta-te a mim, mais bêbado que um penedo. Aqui o meu amigo vietnamita do lado, que ressona a patrao, tombou logo em combate com a musicalia.
Hanói, nais uma cidade de Calvino, dentro do alfabeto das cidades asiáticas, num sem fim de soluções - algumas bastante praticas e pragmaticas- entre becos e layers e fachadas sobrepostas entre si, em desequilibrada relação com a rede se alta tensão e telecom, adornada por arvores de flor lilaz e vermelha. A tinta descascada ou desbotada ainda lhe da mais caracter, e as motas rolam sozinhas sem condutor. De noite ha trezentas luzinhas para cada uma das trezentas pequenas barraquinhas que habitam nas ruas, das floristas às lojas de papagaios de papel, entre AA de fogo de artifício aos items maia exóticos da gastronomia do Vietname. E quando deixa de haver espaco, Há estreitoa corredores originam patios, como bolsas de ar debaixo de agua, ou os negativos de um formigueiro. São formigueiros, estas cidades. Numa hierarquia incompreensível ao olho nu, numa azáfama maniaco compulsiva, num tilintar de repetição não singular. São números do matrix, cálculos e contas entre parcelas e pessoas, bens carregados e personagens que sendo figurantes, contribuem para que a cidade funcione, anomalia aqui e anomalia ali, mas em consonância com o bater do coração do velho quarteirão.
Chegamos ao hostel em hora de ponta. Era happy hour disse o mestre da recepção. Cerveja grátis das 7meia as 8meia. Parecia erasmus outra ve.z. a mesma cerveja choca, a malta a martelar no inglês, bar Fatela, paredes riscadas, e gente aos molhos, se todos os gostos e feitios. Melhor recepção de sempre. Estivemos o tempo todo a ver quando vinha o repórter de imagem e o apresentador irreal para os apanhados. Não ha assim tanto turista quando nos perdemos pelas ruas, ha bem menos que na Tailândia. Aqui há mais freak e obstinado, cena de promessa e tira teima exótica. A Ana foi protagonista de algumas fotos com miúdas da primaria e ensino básico. Também fomos apanhados em muitas câmeras de telemóvel, de forma mais ou menos descarada. Senti-me o Kevin Costner aqui do sitio, sempre com pé ligeiro e cautela, não fosse a Whitney ser abalrroada por uma mota ou por um motorola. A Ana ainda comprou um chapéu daqueles à filme do van damme , para ser ainda mais discreta. Eu comprei uns calções à tropa, para parecer ainda mais yankee. Não há nada como jogar com a probabilidade, sempre a escacar pedra. É jogar na raspadinha, ganhar um euro, e apostar outra vez para ganhar mais.
Fomos a HaLong Bay, num barquinho que acahavamos ter sido bem regateado - como já é costume, somos comidos de cebola da - e aproveitamos, juntamente com muitos outros barcos, a vista na baía. Ainda não tenho capacidade para descrever. É maia uma daquelas à filme. Ate acho que se fazem viagens destas para podermos entrar em filmes, como actor secundário, principal, figurante ou figurino, pouco interessa. É tao pesado e denso que demoramos a atingir. É como atirar a moeda para dentro da maquina de flippera e está demorar uma fracção de segundo a mais, para bater na caixa de latão onde estão as outras moedas. Tenho método muita moedinha para jogar SNES e do cansaço já faltam as palavras e adjetivos para a descrição. O disco rígido começa a ficar cheio. Comer no barquinho, beber no convés com o resto da malta, enquanto as montanhas pareciam cada mais icebergs à medida que o gelo derretia na superfície da garrafa. Chegamos à conclusão que as duvidas e questões que temos enquanto miúdos e pré adultos em Portugal, são bastante idênticas às dos outros, lá na terra deles. Good to know.
Hoje tivemos um pick up para vir apanhar o bus surreal. Primeiro seguimos um gajo de scooter, que diz trabalhar para a empresa de expressos. Chegamos à rua principal depois de cem metros, e aparece uma carrinha completamente cheia para noa carregar. Carregar é a palavra.Lá nos encaixam à LEGO no meio das pernas e dos bracos dos outros, e andamos mais três ou quatro minutos ate nos deixarem meia hora numa avenida, sem qualquer camionete. Cheirava a scam. Já depois de estarmos à conversa com duas canadianas, volta a mesma carrinha do inicio e volta a carregar os torpedos todos para irmos para a água. Ta foder xerife, uma hora depois, voltamos ao ponto se partida e já a camionete estava cheia. Foi o seus ma livre. Ainda apanhei este fantástico lugar ao lado da sanita. Houve a quem falhasse mesmo Cocó, tipo corredor, ou ir lá na frente sentado, tipo prof, a orientar o motorista. É que ele pode não saber do caminho, e assim é da maneira que não ha enganos.
Cada dia é como cada qual, há sempre mais um episódio que não nos deixa dormir enquanto não esta os suficientemente fartos de sermos surpreendidos.
A surpresa vem sempre no pacote, seja no mais caro, ou no mais lowcost.
Não encontrei o songuku nem porra nenhuma de bola de cristal, apenas mais um pouco de paz.


Jose Gonzalez - how low


P.s. depois de escrever fui jogar a um jogo fixe chamado mudar as aguas num autocarro em andamento. Mote: ir descalço r numa estrada bombardeada por americanos ha algumas décadas. O objectivo principal é não molhar os pés e canelas. Secundário, acertar na sanita. Se der, bem bem, é apontar mesmo no buraco.



mogli nas fisgas do ermelo


Mogli nas fisgas do ermelo

Luang Prabang revelou-se igual ao primeiro impacto à chegada, pródiga em descobertas de templos, pequenos jardins, e encontros algo mágicos. Um desses momentos surgiu ao descescermos por uma viela bastante estreita e inclinada. daquelas da piada do oh mae tenho a cabeca grande. A meio da descida, apercebemo-nos da existência de umas escadas para um templo. Ao estacionar a bicla, um monge veio ajudar o difícil parqueamento, coisa que ate então, julgavamos impossível, pois a postura de retiro - ainda que frequentemente curiosa -que assumem não permite grande conversas ou interaccoes. Decidi desenhar, para variar um bocado e dar uso ao kg de folhas que carrego às costas. Fixos ali durante uma relaxada meia hora, a irrequieta Ana decide subir às arvores para a apanha das mangas. Alias, ela ate achava que eles não as comiam e que era uma pena estragar. Enquanto andava ela à cuca de fruta, topei o monge a aproximar-se. Ana, em vez de comermos mangas vamos comer comida de urso. Arret Michelle que tu vá tombe. Numa postura tranquila, o monge aproxima-se de nós com mangas maduras para grande banquete, com o à vontade de quem contacta com o exterior. Perguntou de onde vinham os e o que fazíamos ali, e tentou explicar o nome do sítio e escreve-lo no caderno. Trouxe-me à memoria o golden temple e Amritsar. Volvido um dia sobre a chegada, era hora de ir ao spot onde se fotografam os postais. As cataratas. Tínhamos ideia de algo incrível, mas que com alguma facilidade poderia estar a abarrotar de turista. Época baixa para nós, balnear para eles. Encontramos malta do hoatel que ia encher um tuctuc, fizEmo-nos convidados e bota que chuta.
Carripana cheia - reunido um grupo de turistas com gentes da Dinamarca, Alemanha, Holanda e dos "States"- iniciou-se a viagem pelas montanhas de Laos, ate as kung si Water falls. Ate parecia a senhora da saúde em Bustelo, farnelzinho para encher o deposito tuga style: batatinha frita, coxinha de frango e cervejinha. Um espetáculo digo eu, enquanto os outros comiam shakeshake de oreo e outras cenas menos drogas de figurarem num farnel. Se faltou o presunto o queijo o salpicão e o rojaozinho? Claro que sim, mas é como diz o outro:em tempo de guerra todo buraco é trincheira.
Aptos para o banhinho, seguimos em fila indiana, afável e cordial, bosque fora. Espalhadas pelas mesas, varias familias iam aviando as panelas de comida para depois as levarem mais leves embora. Uma dessas, fez questão de nos oferecer uma Beer Lao. Incrível. Veio mesmo a calhar, o convívio e a bejeca pra viaje. Acelaramos o passo para voltar.os a encontrar o resto do grupo. Deparamo-nos com os primeiros níveis de agua. As primeiras represas. era mesmo cena à filme, agua azul azul azul, bastante gente é certo, mas para quem já bate palmas quando orienta spot junto ao rio Tabuão, isto era melhor que um o bife à Cedro.
O Robin "dos bosques", holandês que me lembrou jrlmer Simon e companhia, sabia de uma cascata secreta, fechada ao publico. Ele tava a fazer de Leonardo si caprio para as Babes, num constante prove the game prove the passe e esta sua cartada revelou-se genial. Trepamos monte acima ate chegar a um carreirinho com interdição e barreira. Como estávamos em espirito de grupo, fomos todos. Quando lá chegamos, até os tomates rolaram encosta a baixo. Uns oitenta m2 de represa com queda de agua, só para nós, a um nivel alto, com vista para as montanhas, mesmo king of the jungle. Tipo piscina sem caleira finlandesa, que a malta gosta e vê naa casas modernas, só a ver a agua sem beirinha. Um banho, dois banhos, três banhos e a caravana volta a partir encosta acima. Afinal havia outra. Selva e mais selva, já nem sei se era do mogli ou do rei leão ou do Tarzan. Era apenas o imaginário de tanta imagem de banda desenhada, filme de animação e do King Kong. Era selva com agua tao azul como equipamento secundário do Porto. Dá para ter uma ideia.
E quando já tinha o queixo todo quilhado por andar com ele tanto tempo a raspar no chão, tive a estucada final no ultimo patamar da cascata. Já fostes. Esta sim, era tipo spa hotel mas natural, com uma vista del mangalhon e com spot para mergulho. Nem tava muito nessa, tinha pedido à miúda chilena que vinha conosco para tirar uma foto. A ideia era tirar a foto já na água, mas ela como percebeu mal e viu que eu estava a demorar a descer, perguntou se eu ia saltar hoje, ou amanhã. Eu so queria descer, o salto nao estava no pacote. Mas já não havia chance como o fossas bem teria dito. A Ana ate estava a ver lá de baixo e a achar aquilo muito esquesito: capitão Sousa a querer mostrar dote de salto em altura e comprimento. Mais uma razão para, em meia bola e força, dentes serrados e olhos esbugalhados, saltar para o vazio. Era mais alto do que a prancha das piscinas de Penafiel. Não era assim tao alto tambem, era so o receio aos penedos.
Como diz o Cross, deu mas não ia dando.
Voltamos cansados da agua, como era natural quando regressavamos na camionete da escola das 3as feiras de piscina. Bem moídos e calminhos. Modo zen portanto.
No dia seguinte fomos andar de elefante pois a Ana tinha essa na bucket list e o que tem de ser tem muita força. A Ana fez de Subhro e eu de marajá, enquanto já contava horas e afazeres para o vôo de Hanói.

65daysofstatic - mountainhead

terça-feira, 27 de maio de 2014

Em Atlantida

Voo tigerair, dois ressacas na fila da frente. Pedimos lugares perto dos lavabos, estava tudo demasiado colado com cola da safel, delicadamente equilibrados pela turbulencia e calibre do piloto. Nao valia a pena arriscar borrar as calcas cor de caqui do canadiano sentado no lado do corredor. Melhor assim.
Aterramos em Chiang Mai para umas horas de "pure thai". Taxi para hostel freakshow. Estou-me bastante nas tintas para a qualidade do lugar, da recepcao, do p'atio, do jardim, alias, ate' sou dos que toleram um mau pequeno almoco. A unica cena que nao 'e toleravel 'e a falta de esforco por parte de quem te recebe, quando pagas para que te receba, e te faz o jeito de orientar um par de chaves para entrares num quarto com paredes de papel e restos de mdf. Mas tranquilo, ate isso ia bem no roteiro, sa foda a fronha da menina - cara de cu em portugues -, a ideia era dar um passeio pelo centro de planta quadrangular e comer com serenidade. Era so isso. 
Fomos divagando sobre o roteiro a seguir, se Luang prabang para o dia seguinte ou para depois, se iamos de barquinho ou de camionete, se pagavamos em dolares ou em thai bats. Perdemos uma boa parte da disponibilidade mental para a cidade, equacionando os pros e os contras de descer o Mekong ou apenas ir pelas montanhas numas bastante intimidat'orias 18h de banco pouco rebativel. Acabamos na segunda opcao, a mais economica e apesar de tudo mais rapida. A outra historia que nos iam contando tinha muitos defeitos, era so truques aquela merda: Ias de barco, uma lancha fodida que te levava de gazonete pelo rio abaixo e era o mais brutal de todos os mundos porque micavas Birmania, Laos e Tailandia e isso tudo, com dormidas e comes e bebes incluidos. E por sessenta dolares, cheap cheap cheap. O Pai ja' vai.
Alguns noodles e templos depois, lady boyz, nightmarket e feeling tropical de trinta e tal graus e humidade e chuva 'a noite, perdemo-nos numa planta que parecia basica. Bastou entrarmos num templo por quinze minutos para sairmos e encontrarmos a cidade deserta. Ninguem sabia, ninguem tinha visto, ninguem conhecia. E la fomos andando, procurando, ate encontrar o nosso pequeno maravilhoso hostel transformado em Cubata do Caribe.Chegamos l'a e a tenda ja' estava montada - parecia circo de trapezistas. Madona jack miagger bruce springstrung a bombar nos speakers, um/a especime XXL, uma outra ja' com cartao Inatel Gold, um mestre com a nossa idade, e outra india perdida. Tudo que nem lorde a assistir a um filme Sci-fi equanto rodavam uns quantos canhoes. De ar serio e olho no lance, nem deram por n'os. Duas boas noites depois - uma para entrar e sentar no jardim e outra para despedida - sem resposta, aterramos.
Luang Prabang. Ya, Luang Prabang. Fizemos dezoito horas de montanha russa, rafting em estrada, com mais um prodigo filho do Ogier dos montes, a abrir pela encosta a baixo, sempre a reduzir e a puxar serrote, xixi maluco. A Ana nao estava 'a cerca do que eram dezoito horas de um composito que misturava 30% de asfalto com 30% de poeira e 40% de coisa nenhuma. Era acreditar que o ar ia dar andamento 'as toneladas de carga que o paralelipipedo metalico levava. Eram dezoito horas, dezoito horas de dezoito horas que vemos no relogio, ou dezoito horas de saida do trabalho, ou as dezoito horas do jogo da bola ao sabado 'a tarde. Foram dois dias de trabalho, oito mais oito, no meio do turbilhao, sem fim, com os morcoes da frente a rebaterem o banco ate o joelho ficar atravessado de lado e veres a caspa do couro cabeludo do energumeo. Tranquilo, tambem viemos aqui para isso, compramos o pacote com direito a tudo, e rapamos o prato ate' ao fim. Sempre que acordava parecia que ainda havia mais uma curva, mais um salto da pedra sentada, mais uma especial de Fafe, que nao conta, mas que tem gente para caralho e ninguem e' de l'a, so'  veio ver a bola. 
Quando chegamos a Luang Prabang, o senhor simpatico do bus veio dar-nos um toalhete. Guardei-o na mochila para situacoes em que fosse realmente preciso limpar as maos, os sovacos, as canelas, a testa. Estava na boa, tranquilinho da vida, ja nao havia bitcho que pegasse 'aquela hora, e se viesse, era mesmo do "tu deslarga-!". Era como botar nivea depois de vir da praia. Mas so depois de ir para a praia com oleo johnso e butadine.
Como andamos na onda survival of the fittest, nao marcamos noite no hostel na tentativa de poupar alguns dolares, e como tal, so tinhamos direito a ir la dizer ola' 'as 6 da madrugada. Algumos umas biclas e fomos curtir para Luang Prabang, que nos deixou completamente acordados, como se de uma season finale se tratasse, ou da ultima sequela do teu filme favorito, ou o ultimo boss do Streets of Rage, ou o ultimo capitulo do livro das ferias ou da mesinha de cabeceira que comecamos ontem mais ja vamos acabar hoje, e que, tal e' a intensidade debitanda ao ser lido, nao da' vontade de parar. Luang Prabang 'e o paraiso que necessita do purgat'orio de dezoito horas. Purgatorio o caralho, foi mas 'e inferno, que depois de superado, se transformou numa das mais agradaveis surpresas. A expectativa foi amiga da circunstancia, e o facto de nao esperarmos rigorosamente nada a nao ser descanso, revelou-se gratificante ao ponto de escassearem as palavras para descrever tamanha descoberta. 'E como quem responde na sala antes do colega de carteira, ou insiste em adivinhar o final do filme ou a proxima deixa. Swinging like a boss.
No esquecimento da distancia.
Basicamente foi como encontrar Atlantida, onde so' esperavamos encontrar qualquer coisa que nem no's sabemos bem qual.

Nine Inch Nails - The Fragile

segunda-feira, 26 de maio de 2014

SINGARAY

Acabados de aterrar em Ha noi,   desmultiplicamos os dolares que pagamos pelo quarto na happy hour do hostel. Pagamos 5 dolla, bebemos 3 survias e est'a quase pago por esta hora.Trip down memory lane,  de volta a Singapure, e aos teclados martelados, tao martelados que saltam vogais e consoantes consoante vamos batendo nas teclas sujas e besuntas que o compoem. Acentuacao zero, cedilhas zero tambem, e mesmo um cinco a zero, carrega benfica.
Conhecemos o Ray em Madrid, num sitio improvavel, com a Familia Sousa em peso, Pais filhos e primos, num hostel bem perto do Rainha Sofia. Convidamo-lo pra vir a Maybeshewill - ainda no metro nos perguntou se ainda tocavam por ai - e juntamente com ele vieram outros dois argentinos fanaticos do River,  malta que chora com o clube, bem dentro da nossa onda vila gualdense ou se quiserem, Nodoa Negrense FC.
Palavras e memorias aparte, o Ray esteve em Singapura, desde o primero momento para nos receber. Alias, a ideia dele era aumentar a nossa massa gorda ( deve ser cena do oriente, enfardar amigos europeus), pelo que comecamos com bruto jantar num mercado  dos suburbios, cena com lagosta  - lacoste em ingles -, noodles, mais noodles, pausinhos e fritos e muita, mas muita comida. E da boa. Tinhamos dormido grande parte do dia e a barriga estava completamente vazia, j'a depois da reserva, e a bilis e as enzimas ja armavam revolucao  - I I I INVASAO! Alias, antes  de vir o tacho j'a batiamos com o talher no prato.
Seguimos viagem por Singapura ( estamos no vietname e esta' a passar aquela malha das segundas feiras dos The Cure),  suica - de queijo suico - do oriente, tudo 'a patrao, ruas extremamente limpas, pessoas  demasiado civilizadas, top of the game, cinco estrelas cem por cento. E o Ray, apesar do apertado horario e das muitissimas tarefas e afazeres que tinha para aviar,  seguiu viagem conosco pela sua cidade, sempre apto para nos por a comer mais e mais e mais. Chinatown, Marina Bay Sands, Financial Area, Biblioteca, Anfiteatro nacional; tudo a que um gajo tem direito. A p'e ou de MRT, Singapura revelou-se pequena com tamanho guia. A estadia era curta, como alias vai ser durante as proximas semanas em qualquer lado por onde passemos, mas Singapura durou mais que dois dias, multiplicamos as horas para que contassem mais, at'e porque iamos atrasando o relogio so para ter mais tempo - para andar, para ver, para conhecer, para comer.
Na derradeira noite de despedida seguimos para a Red Light District, zona norte da cidade, Arab area. Voltamos a encher o farnel com tipicas iguarias sem igual, que nos derreteram as paredes gastricas durante a noite que se seguiu e ate ao aeroporto. Voamos para Chiang Mai com a sensacao de termos ficado para tras. Pelo menos posso dizer que dei muito de mim aquela cidade.
Mas voltando aos comes e bebes, restaurante chines, patinhas de ra, perninhas de frango, clepes e mais clepes, molhos e molhos e sumos de limao com melao e com mel. Tudo para o mesmo blender. Foi naquela onda do " will it blend? that is the question!" Blendou bem, blendou, o coveiro ate foi atras dele. Vimos  as pastilhas de vitamina para a carne espalhadas pelo chao, as meninas a cantarem karaokes para senhores de alguma idade, massagens a barrigas disformes, garotas em fila, luzes e luzes e muita fruta, numa cidade multifacetada. Bebemos uma cerveja numa esplanada da movida, alimentada a carne para canhao, sempre mil, com uma drogaria mesmo ao lado onde estavam uma seria de botas de obra que me fizeram lembrar o cimento e os tijolos.
Singapura foi uma sopa de pedra: olhamos os arranha ce'us e vimos o tigre a espalhar agua, vimos a eficiencia asiatica no seu mais alto indice de eficiencia e delicadeza, e, pelas conversas com o Chua, compreendemos a velocidade e a pressao envolvida em tamanho fardo civilizacional - ha tempo para fazer, pouco tempo para lazer.
E pela segunda vez consecutiva, sem lonely planet, tripadvisor ou qualquer tipo de dica ou expectativa, vimos e revimos tudo, qual roteiro magico que so' alguem local nos consegue proporcionar. Mais uma vez tocados pela forma apaixonada e aplicada com que nos abrem portas bem longe da zona de conforto, sem deixar pagar as contas, sem sequer deixar agradecer e sem podermos pedir desculpa pelos atrasos de vida que possamos estar a causar.
Sai que e' sua Tafarel.

Singa Ros - Glosoli

domingo, 25 de maio de 2014

Vitinho e Lamy

A turkishairlines ofereceu-nos estadia RM Istambul. Noite em hotel 5* e meia duzia de horas para dar um salto à cidade. Ver as mesquitas, o grand bazaar e comer uns kebabs por 50 centos. Descansamos do avião com problemas electricos- uma hora e tal de atraso, o comandante com ar de quem não quer nada com isto e uma música de fundo a lembrar marcha fúnebre -, corremos para o epicentro de Istambul, fast fast fast. Galgamos os passeios com a pica de inicio de viagem e com sabor a borla, e como quando é grates parece tudo ainda mais melhor (tipo menu de sandes presunto mais bebida com oferta do café, que ate pode ser um carioca já de terceira geração e do lote mais chunga do tascoso que ainda assim marcha na mesma: é de mono), seguíamos sorridentes e sem noção de horas. Afinal de contas, férias são férias e às 5 íamos abandonar que tinhamos consulta.
Voltei a trazer a yashica e esperava que esta tivesse adquirido que ia jogar pelo Baltazar nas próximas semanas,  mas, azar dos aAres, a máquina tinha morrido aos primeiros disparos. Caso para dizer que fiquei pior que ela, íamos ter Kahn a seguir entre milhares de outras naturezas naturais e já estava a seguir sem mão num all in desenfreado. Faltava uma hora para as 15h, o pickup era as 16h, e ou arranjava um artista que a deixasse nova, ou comprava outra maquina, ou então deixava arder. Começamos corta mato pela feira fora, passamos o grand bazaar a pentelho fino e chegamos ao lado oriental. Sem mais pormenor, encontramos num centro comercial na onda do Dallas ou só Stop ou Cedofeita, ou ate do Brasília lá da terra mas só no aspecto interior, por fora tava pior que as fabricas de sardinhas de Matosinhos. Maquina pronta, preço regateado, alma cheia. Ta tutti. Siga pra bingo.
Zero taxis. Transito em hora de ponta. 20km ate aeroporto. Vôo para Dhaka. igual a dizer, Fodeu nosso time.
Desesperados a correr centro acima, enfio-me a frente de um taxi e explico a situação. Não calhou Cocó, calhou Ninja. O Pedro Lamy lá do sítio. O amigo do amigo que gosta de bulir na DT ou no fiat uno turbo e ou no SEAT Ibiza dos antigos. Paralelo atrás de paralelo ate parar no semáforo. Buzina, encosta ao da frente e pressiona o xerife para a linha de Tram. O trama vem, para, o carro da frente quer recuar mas o Ninja como é Ninja continua no pressing alto, domínio da posse de bola co. Boa circulação. O chefe de familia sai do carro e pede por favor para fazer marcha atrás. O meu amigo Ninja não facilita, ninja que é ninja vai logo na chanchada : insulto e pau. O outro ameaça ligar à policia e nós só queremos chegar ao pickup para o aeroporto. Ai entra Vitinho das arábias, retornado recém chegado, com toda a sua classe encarnado na minha pessoa : " keep calm ma friend, keep calm ma friend!". Ma friend! Bem, se era Ninja passou a super Sayan 4. Trouxe-me à memoria a noite em que meti o despertador as 3meia da manha para ver o Tiago Monteiro na primeira corrida pela Jordan - não é que seja seguidor da F1, era só pelo carro amarelo com o tubarão- e só co onsegui ver no quadro da classificativa. Foi do fume concerteza.Putz, ultrapassagem pela direita, braco de fora a mandar encostar e só faltava a sirene, o resto o Hassan tinha tudo, aparato de escolta policial à lá Mossad, sempre na vitesse máxima, a rasgar alcatrão. Sempre que o transito parava, mais businadelas, encostos de parachoques e palavroes aos demais condutores. Quando passavamos mais carros e dava bonus olhava para mim com ar de quem manda nesta merda toda. Toucha piloto!
Passamos o epicentro motorizado e seguimos pela via rápida. Ainda tentei mandar a dica do bruno Alves e do chuta Meireles mas ele não topava pivea de português, ficamos pelo cristia o Ronaldo e pelo fenerbache allez alleZ. Chegamos a horas, paguei as liras, o Ninja ficou genuinamente feliz por ter ajudado e eu genuinamente feliz por não termos sido desviados de rotas para carne para porcos. Por ter sido mais profissipnal que o Leone, levou um bacalhau com um euro no meio. Vai a uma casa de cambio e troca, ainda da para umas liras.


QOTSA - Go with the flow






sexta-feira, 23 de maio de 2014

THAKA!

Dhaka ficou para trás há quase uma semana. Uma semana que poderia bem significar um mês dos últimos quatro anos volvidos desde a experiência indiana. Nada mudou. Assim que saí do terminal, o faqueiro arreganhou, soltei uma pequena gargalhada, rejubilo instantâneo. Afinal de contas, não fora este o quadro que vinha a pintar faziam já tantos dias? Tínhamos pickup do albergue - quase hotel, porque em dhaka não ha hostel, turista é ave rara e todos vem por negócios. O tráfego era o mesmo, o cheiro, o aspecto de metrópole sem fim onde os homens são tantos quanto as formigas e os insectos e o ar saturado que se respira. Era tudo demasiado, em demasia, e totalmente idêntico aos kms que vivera na índia.
Ao chegarmos, vimos a assembleia nacional ao longe, arreganhei os dentes e disse um tcheii - tu Bates mal man, tu Bates mal man, tu Bates mal man. Era isto. Era mesmo isto.
O Tamzid, esperava-nos eram 7:30, tal como combinado. O Tamzid, o surpreendente Tamzid. Fomos a pé até sua casa, num bairro da zona sul da cidade, dhamondi. Mae e irmã, recebem-nos de forma solene, limonadas e cumprimentos, toques com a cabeca, olhares amáveis. Soou a casa, bem cá longe, soou a recepção tuga, aquele gênero do toma e come e bebe e come mais um bocado que estás a botar corpo e bebe mais um bocado porque lá não tens disto! And só on. Linguagem gestual. Todos felizes, barriga cheia, alma preenchida. Dhaka prometia maaaan.
A Ana acalmou um pouco, sorriso nervoso, era muita gente, muito caos, cheiros e ruídos, pressão de panela de pressão ideia casa ao seu dispor. So faltava a velhota a falar com voz anasalada. Mas tranquilo, no passa nada, nem um ai nem um ii, muito menos um raspanete pequenino pelo morcao do namorado que não a convida para Punta Cana vamos à lá playa.
Voltamos a misturar-nos na selva, cidade velha, labirintos do fauno, do italo Calvino e do minotauro também. Tudo a que tínhamos direito, padrada atrás da padrada, poeira chapa e fachadas a monte, creiziness. Podia parecer que tínhamos ido para a chopinaite e tudo andava a volta mas na verdade, estava tranquilo, tinha desviado a rota para isto mesmo, voltar a injectar tamanho ópio emocional, mesmo na jugular. E com os dentes bem cravados na cinta.
Almocamos na beauty boarding, lugar perdido num pátio com quartos a 5tks. Vimos o porto e o rio escuro. Rolamos pela cidade de CNG e rickshaw, sempre no meio do turbilhão, e nem um turista, nem uma cara pálida, só a da Ana, muito de vê em quando.
Estávamos de directa, mortos-vivos pelo calor e atmosfera, bastante vestidos e o Tamzid até me orientou um chapéu Justin Timberlake nsync que me ficou a matar. Chica, não estávamos à cerca do quão camuflados estávamos.
Voltamos para jantar em casa do sr Mogno, mais comida, deliciosa, ate deu vontade de soltar a lágrima, era demasiado, parecíamos parentes distantes que não se viam ha décadas, separados pelo karma e pelas voltas que as vidas dão. Tanto carinho que ainda não temos palavras.
O resto de Dhaka foi assim mesmo, conhecemos mais amigos, fizemos outros tantos, comemos tanto que nem sei como não viramos o barco ao largo do lago; andamos muito, vimos o Louis Kahn, que foi uma autêntica final da Champions league, momento único de orgasmo arquitetônico, com direito a garganta com nó, assim que nos aproximamos da entrada lateral, junto da mesquita, pelo túnel à Eduardo, como manda regra, como dita a proporção, e, acima de tudo, intrínseco ao lugar e à identidade de um País como o Bangladesh.
Foi um remate ao angulo, daqueles que fazíamos no jardim ou no ringue a jogar aos campeões, puta, até assuvia. Um culminar do tridente do oriente, chandigarh, ahmedabad, kathmandu e dhaka. Os Corbusiers e os Kahns. Riscados da bucket lista.

Tivemos direito a tudo em lugares de sofrimento e perda; nenhures para muitos, a totalidade para nós.

Our respect and deepest feelings for the Mogno family.










Sights and Sounds - Sorrows


segunda-feira, 19 de maio de 2014

O MAQUINISTA

São nove horas e já passam catorze. A máquina já esta cheia de roupa e no corredor deambulam caras estranhas. A Ana já dorme. Dormimos um par de horas mal assentes no avião. Chegamos a Singapura e o dólar estava caro. Apanhamos o metro. Enchemos as tigelas com estreitas e choca PIC e tivemos a feliz ideia de por a roupa a lavar. Ainda constam outros catorze minutos no ecrã, já mal abro os olhos; lembro-me de escrever no betão. Polvilham as memorias de há quatro anos atrás, Dhaka foi sem duvida um comebaxk, não sei se suave, se apenas de naturalidade para com a realidade de cidades com tanta gente quanto aquela que enchia a sala da Dona Lila lá na P3, mas vezes um milhão.
Agradável surpresa que tu foatw dhaka, por ti Tamzid, pela tua familia, por todas as Caraa se motoristas e vendedores de rua. Olá,  outra vez. Prometemos voltar, um dia, quando o oriente voltar a ser solução para p cansaço. Ainda marcam dez minutos no visor da maquina a moedas. Nunca mais te acabas. O mecanismo quer repouso mas a moleira ainda roda a mil. Nas vielas, nos passeios, na poeira e nas gentes. Do gênero duracell, heavy duty, para aguentar tudo. Duas diretas em quatro dias, mais dos que AA que fiz na Faculdade, mas aqui a escola é outra, e, quiçá, merece o esgotamento.
Obrigado, Thaka.

Defeater - empty days and sleepless nights